O conselho de administração da Petrobras decidiu pagar 50% do
lucro remanescente de 2023 em dividendos extraordinários,
resolvendo uma disputa que abalou o mercado brasileiro devido às
preocupações de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
estivesse exercendo muita influência sobre o produtor de petróleo
controlado pelo Estado.
O comunicado foi feito pela estatal (BOV:PETR3) (BOV:PETR4)
nesta segunda-feira (22).
O acordo entregará quase R$ 22 bilhões (US$ 4,23 bilhões) aos
acionistas, incluindo o governo. Isso é metade dos quase R$ 44
bilhões que a empresa tinha disponíveis para distribuir. Embora
Lula quisesse manter todos os fundos para reinvestir nas operações
da Petrobras, o conselho concordou com um acordo sob pressão de
investidores que queriam um pagamento integral.
Os acionistas devem aprovar a medida na reunião de acionistas no
dia 25 de abril, informou a petroleira em um documento enviado à
CVM sexta-feira (19) à noite.
A proposta será apresentada formalmente pelo governo diretamente
na assembleia de acionistas, segundo pessoas próximas ao
assunto.
VISÃO DO MERCADO
Citi
A Petrobras poderá decidir distribuir até 50% de seu lucro
líquido após destinação para reserva legal e pagamento de
dividendos ordinários, enquanto a provável distribuição dos 50%
restantes como dividendo intermediário será avaliada pelo conselho,
diz o Citi.
Os analistas Gabriel Barra e Andrés Cardona escrevem, em
relatório, que na reunião do conselho de sexta-feira foi discutida
a possível distribuição de 50% do valor extraordinário do dividendo
na próxima assembleia geral ordinária, em 25 de abril, e a empresa
considerou vários cenários como a evolução do Brent e do câmbio,
apresentados como satisfatórios.
Segundo os analistas, desde a divulgação dos resultados do
quarto trimestre e a decepção do mercado com a ausência de anúncio
de dividendos extraordinários, os investidores parecem estar menos
confiantes do que antes de que a Petrobras distribuirá dividendos
extraordinários de forma recorrente.
Os analistas afirmam que a Petrobras deve gerar um bom nível de
fluxo de caixa operacional, com maior produção de petróleo, mas o
maior investimento nos próximos anos representa riscos para futuros
pagamentos de dividendos, impulsionado por preocupações com ações
judiciais e seus potenciais impactos em acordos fiscais e por
prováveis projetos em avaliação.
O Citi tem recomendação neutra para os recibos de ações (ADRs)
da Petrobras, com preço-alvo de US$ 15, abaixo do fechamento de US$
16,47 na sexta-feira na Bolsa de Nova York.
Goldman Sachs
A decisão do conselho de administração da Petrobras em aprovar o
pagamento de US$ 4,5 bilhões em dividendos extraordinários foi
condizente com o fluxo de notícias recentes envolvendo a empresa,
diz o Goldman Sachs.
Os analistas Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins
escrevem que a distribuição aumenta em 4,2 pontos percentuais o
rendimento de dividendos da companhia, projetado em 12%, quando
considerado apenas o pagamento regular.
O banco destaca que o aumento no rendimento dos dividendos pode
chegar a até 8,5 pontos percentuais, caso o colegiado da Petrobras
decida ao longo do ano pela distribuição dos 50% restantes na
reserva de capital.
O Goldman Sachs tem recomendação de compra para Petrobras, com
preço-alvo em US$ 19,30 para os recibos de ação (ADRs) negociados
na Bolsa de Nova York (Nyse), potencial de alta de 17,2% sobre o
fechamento de sexta-feira (19).
Jefferies
A aprovação pelo conselho de administração da Petrobras do
pagamento de US$ 4,2 bilhões em dividendos extraordinários deve
ajudar a reduzir os ruídos em torno da Petrobras, diz o
Jefferies.
Os analistas Alejandro Anibal Demichelis, Pedro Bapstista e
Alessandro Conti escrevem que o pagamento, com promessa de avaliar
o pagamento dos 50% restantes retidos na reserva de capital, é uma
medida bem-vinda.
No entanto, há algumas questões ainda a serem respondidas,
dependendo da proposta que for enviada à assembleia dessa semana,
sobre como e quando vão ocorrer os pagamentos aos acionistas.
O banco acredita que a aprovação vai voltar o foco aos
fundamentos robustos da Petrobras, apoiada na sua geração de caixa,
bom momento de produção e preços elevados do petróleo no mercado
internacional.
O Jefferies tem recomendação de compra para Petrobras, com
preço-alvo em US$ 21,20 para os recibos de ação (ADRs) negociados
na Bolsa de Nova York (Nyse), potencial de alta de 28,7% sobre o
fechamento de ontem.
JP Morgan
A votação sobre dividendos extraordinários da Petrobras em
assembleia geral de acionistas na próxima quinta-feira é positiva e
aumenta as chances de pagamento, o que levaria a Petrobras a
alcançar maior rendimento por ação entre pares globais, diz o J.P.
Morgan.
O analista Rodolfo Angele destaca, em relatório, que o conselho
da Petrobras também admitiu que pode aprovar dividendos durante o
ano. O analista estima para 2024 US$ 11,4 bilhões em dividendos
mínimos, o que por si só totaliza 10,9% de rendimento.
Segundo o analista, caso a indicação do conselho de dividendo
extraordinário de 50% seja confirmada, a Petrobras pagaria um
adicional de R$ 22 bilhões, o que representa rendimento adicional
de cerca de 4%, com potencial de duplicá-lo se os dividendos
intermediários também forem considerados. Assim, a Petrobras
atingiria 15,9% de rendimento, o maior entre os pares globais,
diz.
O banco diz ainda que, embora o recente anúncio tenha aliviado
algumas preocupações, continua conservador na abordagem à
Petrobras, uma vez que ainda considera as revisões de governança e
a incerteza do momento e da magnitude de tais dividendos como
riscos.
O J.P. Morgan tem recomendação neutra para as ações
preferenciais da Petrobras, com preço-alvo de R$ 30, potencial de
alta de 29% ante o fechamento de sexta-feira na B3.
Informações Infomoney
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Gráfica de Acción Histórica
De Abr 2024 a May 2024
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Gráfica de Acción Histórica
De May 2023 a May 2024