Petrobras pretende se tornar a controladora da Braskem ao fim do processo de venda da empresa
14 Junio 2023 - 7:28AM
Revista ADVFN
A Petrobras pretende se tornar a controladora da Braskem ao fim
do processo de venda da empresa, segundo apurou o
Estadão/Broadcast. A iniciativa significaria a retomada do projeto
original da estatal iniciado em 2007.
A Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) tem direito de preferência
sobre as ações da companhia petroquímica e poderá cobrir a oferta
da Unipar (BOV:UNIP3) (BOV:UNIP5) (BOV:UNIP6), de R$ 10 bilhões em
dinheiro. A proposta foi considerada melhor do que a recebida
anteriormente do consórcio formado pela Adnoc (estatal de petróleo
de Abu Dhabi) e do fundo de private equity (de participação em
empresas) americano Apollo, formada por títulos e debêntures.
A Novonor, antiga Odebrecht, controla a Braskem (BOV:BRKM5) com
50,1%, enquanto a Petrobras tem 47%. Outros 2,9% de ações
ordinárias estão no mercado de ações.
De acordo com uma pessoa próxima ao assunto, a compra da Braskem
está sendo tratada como segredo de estado dentro da Petrobras. Mas
quem acompanha de perto o desenrolar do negócio prevê que a compra
da fatia da Novonor pode acabar sendo feita pela própria Petrobras,
com objetivo de agregar valor aos produtos da companhia nas plantas
petroquímicas da Braskem.
Outra possibilidade estudada pela estatal brasileira seria uma
composição com a Unipar, para reduzir riscos diante do
endividamento da Braskem. Mas a preferência da empresa seria pelo
controle, tornando a Petrobras novamente uma empresa integrada.
No governo Bolsonaro, uma eventual venda da participação da
Petrobras na Braskem chegou a ser tentada, mas não houve interesse
de nenhum investidor e a operação foi suspensa.
ESTRATÉGIA
Para elevar sua fatia na Braskem, a Petrobras precisava fazer
uma revisão no plano estratégico da companhia. A estatal não pode
fazer oferta por ativos que não estejam no planejamento. Por isso,
se apressou para divulgar as diretrizes do novo plano que está
sendo elaborado. O objetivo de diversificar o portfólio já faz
menção direta a produtos petroquímicos e fertilizantes, o que
indica a volta da estatal ao setor.
Em 2007, a Petrobras comprou uma pequena participação na
Braskem, companhia resultante da fusão de seis empresas do setor, e
aos poucos foi crescendo, até chegar aos atuais 47% de ações
ordinárias e 36,1% do capital total.
Em uma eventual aquisição da participação integral da Novonor, a
Petrobras ficaria com 97,1% da Braskem. Além dessa fatia, a estatal
ainda possui no setor petroquímico a Metanor, líder na produção de
metanol no Nordeste e com sede em Camaçari, Bahia, que o governo
anterior também não conseguiu vender. A única venda bem-sucedida
foi da Deten, em julho de 2022, por R$ 514 milhões.
Para o professor do Instituto de Energia da PUC-Rio, Edmar
Almeida, uma eventual compra do controle da Braskem não traria
problemas de concentração de mercado, já que a Petrobras se desfez
de praticamente todos os ativos petroquímicos e a Metanor é uma
importadora, não produtora no País. “Não vejo o que muda se a
Petrobras aumentar a participação na Braskem, ela não tem outros
ativos nessa área (resinas termoplásticas) e já estava lá dentro”,
avaliou Almeida.
Já Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, destacou que o setor
petroquímico já é muito concentrado, com a Braskem representando
dois terços do total, e deveria ter uma atenção do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
“Você demanda alto capital na petroquímica, o que é uma barreira
de entrada para novos entrantes. Só a Braskem, por si só, já é uma
gigante que demanda uma atenção do Cade”, afirmou.
Procurada, a Petrobras informou que não vai comentar o
assunto.
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