A Petrobras está considerando uma possível aquisição na Namíbia, que pode demandar US$ 4 bilhões, conforme estimaram analistas do BTG Pactual. Eles acrescentam que essa e outras recentes movimentações da estatal para compra de ativos geram algum risco ao pagamento de dividendos no curto prazo e começam a levantar questionamentos no mercado.

Na semana passada, a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia dos Anjos, afirmou à Reuters que está negociando com a Galp a aquisição de uma participação de 40% no campo exploratório de Mopane, na Namíbia.

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Anteriormente, a Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) já havia admitido negociações para aumentar sua participação na Braskem e para a recompra da refinaria RLAM, na Bahia. Além disso, a Mover publicou que a companhia está avaliando potenciais alvos em geração renovável, e o jornal Estadão noticiou negociações para a recompra da refinaria Reman, no Amazonas.

“Embora nosso modelo já inclua US$ 2 bilhões em fusões e aquisições, a conclusão de tais transações provavelmente reduziria o espaço em nossas previsões para pagamentos de dividendos, e os investidores exigiriam um prêmio de risco maior para investir na Petrobras”, escreveram os analistas do BTG.

A projeção de dividendos acima de rivais do setor de óleo e gás tem sido um dos principais atrativos para a tese de investimento na Petrobras, apesar dos riscos políticos associados à empresa. O BTG estima atualmente os dividendos com rendimento de 15% ao acionista nos próximos 12 meses, em comparação com níveis mais próximos de 10% das grandes empresas globais.

“Até recentemente, favorecíamos a tese da Petrobras em detrimento de todas as ações da nossa cobertura, mas, embora continue a ser uma ‘COMPRA’ com base em fundamentos sólidos, começamos a questionar se uma combinação de menos suporte para dividendos e catalisadores de crescimento de produção mais relevantes no curto prazo poderia fazer da PRIO uma história mais convincente nos próximos 12 meses”, apontou o BTG.

Cautela em Águas Estrangeiras

O BTG destacou ainda que a Petrobras tem um “fraco histórico em águas estrangeiras”, o que deve gerar alguma preocupação com a alocação de capital caso a aquisição na Namíbia avance.

“Acreditamos que os investidores não receberão positivamente esta medida… Embora reconheçamos que as decisões no segmento de produção devem ser tomadas com bastante antecedência, recomendamos cautela até que a Petrobras forneça mais dados sobre seus objetivos no projeto de Mopane”, explicou o BTG.

Analistas da XP também se mostraram “menos construtivos em relação à diversificação da Petrobras para fora de seus principais ativos no Brasil”, mencionando que a potencial transação poderia envolver cifras equivalentes a um trimestre inteiro de fluxo de caixa livre para os acionistas.

No primeiro trimestre, a Petrobras somou fluxo de caixa livre de US$ 6,5 bilhões, com US$ 3,5 bilhões sendo direcionados para remunerar os acionistas.

O campo de Mopane tem estimativa de 10 bilhões de barris equivalentes e estaria “relativamente bem precificado”, com um “valuation” entre US$ 3 e US$ 4 por barril não desenvolvido, avaliou a XP.

Olhando para Fora

Em entrevista à agência EPBR na sexta-feira, a diretora de E&P da Petrobras afirmou que está avaliando uma carteira de ativos “não apenas no Brasil”, buscando entrar em novas fronteiras exploratórias, e ressaltou a dificuldade e demora nos processos de licenciamento ambiental para áreas domésticas em regiões como a Margem Equatorial.

“Queremos ficar no Brasil, gerar emprego e renda. Mas, se não formos bem recebidos, vamos buscar oportunidades em outros lugares”, disse Sylvia.

VISÃO DO MERCADO

As ações da Petrobras iniciam a semana em forte queda, com uma série de fatores sendo monitoradas de perto pelos investidores. Às 13h40 (horário de Brasília) desta segunda-feira (29), PETR3 caía 3,50% (R$ 39,42), enquanto PETR4 tinha baixa de 2,92% (R$ 36,54).

No noticiário macroeconômico, os preços do petróleo caíam mais de US$ 1 o barril, depois que autoridades israelenses disseram que queriam evitar arrastar o Oriente Médio para uma guerra total enquanto respondiam a um ataque mortal de foguetes nas Colinas de Golã, que são ocupadas por Israel, no fim de semana.

Os futuros do Brent para entrega em setembro caíam US$ 1,39, para US$ 79,74 o barril, uma perda de 1,7%; já o WTI, dos EUA, tinha baixa de US$ 1,40 para US$ 75,76 o barril, uma queda de 1,8%.

Já no noticiário da companhia, a Petrobras divulga nesta segunda, após o fechamento do mercado, os seus dados de produção do segundo trimestre, antes da divulgação dos resultados na próxima semana, o que pode dar sinalização sobre os números da estatal.

Mas, além disso, as notícias sobre alocação de capital da companhia (em investimentos ou em dividendos) roubam a cena na sessão, com duas aquisições no radar.

Os agentes financeiros repercutem entrevista com a diretora de Exploração e Produção da estatal, Sylvia dos Anjos, publicada pela Reuters perto do fechamento da sexta-feira, informando que a companhia fez uma oferta não vinculante para comprar a operação e uma fatia do bloco exploratório de petróleo e gás de Mopane, na Namíbia.

A XP Investimentos avalia a notícia como neutra, devido a incerteza se a oferta da Petrobras prevalecerá, uma vez que várias outras empresas fizeram ofertas pelo ativo. Por outro lado, disse receber com satisfação a alocação de capital da petrolífera para o upstream (exploração e produção) e reconhece que a companhia é uma das melhores operadoras de águas profundas do mundo e que a Namíbia offshore é uma nova e prolífica fronteira exploratória. No entanto, analistas disseram ser menos construtivos em relação à diversificação da Petrobras para fora de seus principais ativos no Brasil. A Galp possui uma participação de 80% no campo e, segundo informações, está procurando vender uma participação de 40% no ativo.

A Genial, por sua vez, comenta que a operação pode pressionar o pagamento de dividendos da estatal, o que preocupa os investidores.

Ainda no radar do mercado, o jornal Valor Econômico divulgou no fim da semana passada que a Petrobras pode recomprar a participação total na refinaria de Mataripe (BA), mas o desfecho da operação ainda depende de decisões como o modelo da operação e, principalmente, o valor da transação. Essas definições ainda estão em aberto, sem um prazo decidido.

A estatal tem planos de se tornar a controladora da refinaria e, embora as discussões iniciais apontassem para uma aquisição de 80%, há espaço para adquirir a totalidade da companhia.

“Acreditamos que o mercado esperava que a Petrobras adquirisse uma participação menor; portanto, esta notícia é marginalmente negativa. Se a Petrobras comprasse a refinaria pelo mesmo preço que a vendeu (US$ 1,8 bilhão) por meio de um desembolso no 3T24, nossa estimativa de dividend yield (dividendo sobre o valor da ação) para o resto de 2024 seria reduzida de 7,7% para 7,3%”, avalia o banco.

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